quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

"A Filha do Barão", Celia Correia Loureiro

Ficha técnica de: A Filha do Barão
Autor: Célia Correia Loureiro
Data da Publicação: 01/2014
Editora: Marcador
IBSN: 9789897540394
Páginas: 576
PVP (em euros): 19,90 
A autora no: Blogue; Facebook e Goodreads 



"Quando D. João tece a união da sua única filha, Mariana de Albuquerque, com o seu melhor amigo - um inglês que investiga o potencial comercial do vinho do Porto -, não prevê a espiral de desenganos e provações que causará a todos. Mariana tem catorze anos e Daniel Turner vive atormentado pela sua responsabilidade para com a amante. Como se não bastasse, o exército francês está ao virar da esquina, pronto a tomar o Porto e, a partir daí, todo o país.
No seu retiro nos socalcos do Douro, Mariana recomeça uma vida de alegrias e liberdade até que um soldado francês, um jovem arrastado para um conflito que desdenha, lhe bate à porta em busca de asilo. Daniel está longe, a combater os franceses, e Gustave está logo ali, com os seus ideais de igualdade e o seu afeto inabalável, disposto a mostrar-lhe que a vida é bem mais do que um leque de obrigações.
1809. Num Portugal invadido só o amor poderá unir o que os homens dividem."

Não é a primeira vez que tenho contacto com uma obra desta autora mas é a primeira vez que ela me deixa realmente extasiada com um livro seu. Depois de uma tentativa fracassada a tentar ler o seu livro “Demência”, o qual só lia boas opiniões, mas que infelizmente não me cativou (ainda o vou tentar ler novamente). Tomei conhecimento do lançamento do livro por uma amiga que o adquiriu e o devorou em dois dias e que por isso me incentivou a lê-lo, avisando-me que desta vez tinha a certeza que não me ia arrepender. Só me resta dizer que Obrigado, decididamente não me arrependi!


A escrita?  Ao contrário do que senti a quando a leitura do outro livro, achei que este tinha uma escrita bastante simples, fluída e ao mesmo tempo cativante com o uso de diversas expressões da época, que nos incentivam a ler num ápice.

O enredo?  (Sou uma amante do romances históricos e normalmente só consigo satisfazer esta minha paixão na literatura estrangeira, tirando o livro “Alma Rebelde” da Carla Soares que gostei bastante, ainda não tinha encontrado outro livro de um autor português que estivesse à altura das minhas expectativas, no entanto, este acabou por as superar.) Encontramos um pouco de tudo nesta leitura, desde a referencia à guerra napoleónica, à fuga da monarquia, aos vinho do porto, ao contraste entre os costumes ingleses e portugueses, à pobreza, aos casamentos arranjados, à discrepância dos diversos extractos sociais, sem falar no amor, na traição e no mais importante, o perdão. Gostei bastante de tudo mas achei o final um bocadinho negro de mais, acho que morreram personagens (ou eu penso que morreram) que podiam não ter morrido e assim não ter dado um clima tão mórbido ao final, sem mencionar a cena da Ponte das Barcas que achei bastante potente. O final é que me deixou um pouco renitente porque deixa-nos ficar com algumas questões sem resposta, mas após um esclarecimento da autora compreendi o motivo para um final tão repentino.

As personagens?  Temos um enredo recheado de muitas personagens interessantes e marcantes. O protagonista masculino, o Daniel é tipicamente inglês de fisionomia mas não de personalidade, é jovem, empreendedor, inteligente, sincero, com muito sentido de honra, tem dificuldade de assumir os seus sentimentos mas vai desabrochando ao longo do livro, acabando por nos seduzir com o seu encanto e com o seu coração de ouro. Do lado feminino, temos Mariana, uma jovem 14 anos com casamento arranjado pelo seu pai, apesar da sua tenra idade ela tem uma mentalidade mais avançada, um carisma forte e decisivo, muito curiosa e teimosa, encantadora e cheia de vida. Ao contrario do seu amado, com o evoluir da trama ela entra numa espiral recessiva, isto é, comecei por gostar muito dela, da sua posição e das suas atitudes mas depois perdeu-se pelo meio, na indecisão de ser mulher ou menina, de aceitar ou não as suas obrigações. Pessoalmente gosto de personagens fortes que tomem as rédeas da sua vida, que lutem por ela com garra e, realmente a Mariana começou com esse entusiasmo todo mas depois desmoronou-se completamente e as suas acções e teimosias (inconsequentes ou não) ditaram o tal final mais negro (acho que não a perdoei por isso). Depois temos um D. João como um pai extremoso, D. Sofia a mãe de Mariana que começa como uma velhaca típica da sua classe social mas que no final acabamos por perceber os motivos de tanto ressentimento. Isabel é um mistério, cativa-nos pela sua força de vontade em sobreviver, por todos os traumas que passa e mesmo aparecendo numa posição ingrata, como a amante de Daniel consegue ser bastante honrada, contudo, ainda fiquei com dúvida se nos enganou o tempo todo (só iremos saber nas cenas dos próximos capítulos). Gostava que a mãe do Daniel, D. Ada, tivesse um pouco mais de protagonismo, que se tentasse envolver mais no decorrer dos acontecimento, faltava lhe um pouco mais força e genica. Lizzie, a irmã de Daniel faz parte de um romance de segundo plano que acompanhamos no decorrer do livro e qual tenho pena de não ter lhe sido dado um pouco mais de importância, é pena é ela perdido tanto tempo com a sua teimosia e “cegueira” e não ver quem realmente merece a sua devoção. Adorei todos os criados, especialmente a calma e sábia Nuna.

Conclusão?  Confesso que estive na dúvida que pontuação havia de atribuir, entre 4 ou 5 estrelas, inicialmente optei pelas 4 pelo final ter deixado muitas questões em aberto, muitas perguntas que ficam por responder e suposições que temos de fazer. No entanto, após um esclarecimento da autora que me informou que provavelmente teremos uma "espécie de continuação" resolvi atribuir-lhe 5 estrelinhas, porque realmente merece. Tive a oportunidade de o ler emprestado mas decididamente é um livro que quero adquirir para ficar na minha estante para a posteridade e mais tarde reler (quem sabe quando for publica a tal sequela). Posto isto, é com enorme prazer que recomendo a leitura deste livro a todos os apaixonados dos romances históricos, pois tenho a certeza de que não se vão arrepender (ah, não se assustem com as 584 páginas, elas devoram-se num instante)!

Deixou-vos os video da promoção do livro!



4 comentários:

  1. que opinião tão motivadora! obrigada, Arttemizza!

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    1. Fui sincera :) só disse a verdade e nada mais que a verdade!! Boa sorte, espero ansiosamente que conseguias publicar os restantes :)

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  2. Gostei muito da tua opinião e fico contente pela Célia.
    Não sei se consigo esperar para ler o meu até março. Meti-me numas confusões e agora não tenho muito tempo. :(

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  3. Obrigado!! Eu sei como é isso, querer ler muito o livro e não conseguirmos arranjar um pouqu!inho para ler

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